enquanto vagueia
este gosto de nuvem pelo céu da boca
– alma vermelha dourada –
verte o que virá
pois é quase primavera
e cada parede de dentro de ti
sussurra sedenta
do sulco da flor
do extrato do amor
é quase primavera
e os pés de jambo
saciam o tesão da terra
Carmezim escreve às quartas-feiras
*foto: Lucia Passos (http://lojaorganicuspn.blogspot.com.br)
2 comentários
Comments feed for this article
agosto 8, 2012 5:09 pm às 17:09
Eduardo Sarno
Temos em nossa casa um soberbo pé de jambo, alto e frondoso, chega a empurrar e vergar outras plantas, inclusive um coqueiro. O chão carmesim era sempre o indicio da florada e depois a safra. O cupim ensaiou um ataque feroz, que repelimos de maneira talvez exagerada. Depois resolvemos fazer uma poda. A árvore nua, envergonhada, foi-se cobrindo aos poucos, como uma Eva desnudada. E, aborrecida, ficou alguns anos sem dar o ar dos frutos. Arrependidos, esperamos pacientemente, até que o chão carmesim apareceu. Tímido, é verdade, só um lado florou. Mas o fruto veio mais saboroso ainda, como a dizer “viu o que perderam ?” . Apressados fizemos doces e geléias, porque o jambo é uma fruta delicada e como tal deve ser tratada. Hoje a copa está novamente enorme, protegendo o interior espaçoso, gestando nova safra desta fruta que não vê o sol. Carmesim por fora, alvo por dentro, o jambo tem sabor digno de um manjar dos deuses.
agosto 10, 2012 11:44 am às 11:44
Carmezim
Eduardo, seu comentário é o embrião de um ótimo conto! Por que não escrevê-lo? :)
Adoro jambo. Na casa de um ex-integrante aqui do Purga – meu queridíssimo xará, Vítor Rocha – tem um pé de jambo sensacional! Da última vez que lá estive enchi um saco e trouxe pra casa!
É isso aí: Jambo, gosto de nuvem no céu da boca! Vida longa aos pés de jambo!
Valeu pela presença!