O minuto que antecede a meia-noite do dia 31 de dezembro é o último do ano, de verdade.

Parece obviedade sem sentido dizer isso, mas não é.

Para alguns a virada do ano é protocolar ou apenas desculpa para traçar o espumante e a sobra do natal.

Mas para mim, não.

Quando os ponteiros cruzam aquele limite do ano velho para o novo, realmente atravesso uma fronteira.

Todo o pacote do que passou se fecha e logo o encaixo no lugar reservado para ele na prateleira dos anos vividos.

São essas caixas que consulto quando quero lembrar ou analisar períodos da vida.

2011, isso isso e aquilo.

Essa história de 2010/2011 como se pensa na Europa me confunde todo.

Metade de um ano não se casa com a metade do outro.

Onde começa e onde termina?

Ao contrário é essa história de calendário Maia.

Conheço um Maia que diz que isso tudo é furada.

O mundo para eles termina quando morre.

Ele é amigo daquele último comunista que conheço e que não digo onde está.

Apenas digo que estão sempre juntos e só brindam quando os ponteiros se agrupam no único instante de tempo indefinido, que não faz parte de nenhuma das caixas.

Vítor Rocha escreve aos sábados