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O Natal se aproxima, e já me pego pensando nas mesmas indagações dos anos anteriores. Por exemplo: Não é novidade alguma que a Bíblia só conta a história de Jesus do seu nascimento aos 12, e depois há um salto até os seus 30 anos. O que esse menino fez neste intervalo?

Meu avô, como todo bom ateu, é um estudioso dos evangelhos apócrifos. Certa feita, me contou que Jesus era filho de um soldado romano com quem a jovem Maria tivera um caso. Condenada ao apedrejamento por cooptar e copular com o inimigo, foi salva pelo quarentão José da única maneira possível: casamento.

Pois bem, a versão do meu avô me fez pensar na seguinte teoria:

Jesus, por causa da zoação dos amiguinhos, pressionou sua mãe para que lhe explicasse como podia ele ter nascido aloirado e com olhos verdes no Oriente Médio. Ao saber da verdade, emancipado que era (já passava sermão nos mais velhos e tudo!), partiu para Roma, em busca do seu pai. Ei! Estamos falando da Roma pagã! Quem viu Calígula, de Tinto Brass, sabe a que me refiro.

Provavelmente, não o encontrou; em compensação, foi lá que aconteceram as coisas mais importantes para sua formação: ele descobriu quão boa uma prostituta pode ser e conheceu o poder transcendental de certas ervas, certos chás, que lhe faziam se sentir… um deus. Esta segunda experiência ocorreu quando foi acolhido por uma simpática comunidade que pregava a paz e o amor. Lá, também despertou para a arte. Aprendeu a tocar cítara e começou a compor. Um dos primeiros hits da história, inclusive, é de sua autoria. Algo como:

E quem nunca peca
Que atire a primeira pedra, ah, ah!

Não sei ao certo se foi desejo de uma carreira internacional, saudades de casa ou outro motivo qualquer. O fato é que, após muitos anos, Jesus, completamente adaptado ao modus vivendi e ao figurino paleohippie, retornou à Palestina. Não foi muito bem recebido. Suas músicas, verdadeiras parábolas, cheias de conteúdo subversivo (E se ele te bate/ Dê-lhe a outra face, ah, ah!), incomodaram o poderio local. E como os direitos humanos ainda não existiam, deu no que deu.

Quando perguntaram a Judas por que traiu Jesus, antecipando Mark Chapman em 19 séculos, ele disse, tranquilamente: “Eu acabo de entrar pra história”.

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Breno Fernandes escreve às terças

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