Não sei como – nem quando – serão suas férias, mas ainda penso no meu querido homem da Coca. Pensei nele hoje quando acordei um pouco mais tarde do que gostaria, mas com a casa arrumada como gostaria.

Quando fui molhar minhas plantas pela última vez e me desculpar com elas pela ausência. E quando fui  deixá-las lá embaixo aos cuidados do zelador.

Quando fui tomar banho e guardar as coisas e fechar a mala e limpar a geladeira e fazer um último suco para não desperdiçar laranjas e morangos. E tirar os eletrodomésticos da tomada. E tirar o lixo.

Não dá pra reclamar demais da vida não, porque é preciso ter perspectiva e alguma gratidão, seja com o que for que você se agradece. A vida não é fácil, mas é boa.

E sem auto-ajuda, mas com a lucidez que nos falta todos os dias, essa vidinha é melhor para nós aqui e agora do que para muitos. E o resto pode ser aventura para quem já tem tudo o que precisa.

Mesmo assim, vou passar um tempo em casa – e no mar – no intuito de vingar a gente, caro amigo. Que a gente está bem, mas também precisa de uma vingancinha.

Por aquelas frutas da feira que conseguimos finalmente comprar e íamos perder por falta de ânimo pra fazer o suco, pelo livro que estamos para terminar há meses, mas perde para o trabalho levado pra casa. E por aquela tulipinha descarada de Coca-cola.

Camilla Costa escreve aos sábados.