Maguila carrega um saco de papel de pão e uma rosa na mão. Dois suspiros bem branquinhos. Um sonho com recheio de doce de leite, açúcar de confeiteiro, pequenas ilhas de prazer. Três brigadeiros.

Anda pisando em nuvem.

Maguila descobriu que agradar alguém deixa o dia colorido e risonho, como se uma borboleta pousasse no nariz de uma criança.

Virou assíduo frequentador da padaria e distribuidor das mais rudimentares formas de gentileza.

Tudo isso porque Nanci sorriu quando ele chegou e disse assim mesmo, sem titubear: você faz crescer em mim todas as manhãs enolaradas de janeiro, fevereiro, manhãs ensolaradas de calor.

E ele falou sem pensar. Ficou gigante. Sentiu o peito cheio de ar vermelho, que lhe pintou a cara.

Maguila anda pisando em nuvem.

Segue sentido centro da cidade, tem Nanci no horizonte e duas grandes verdades presas ao seu calcanhar: os doces da padaria parecem com seu estado de espírito e ser gentil alimenta a alma.

Carmezim escreve às quartas-feiras