“La seule chose insupportable, c’est que rien n’est insupportable” é uma frase atribuída ao poeta francês Arthur Rimbaud e diz muito sobre persistimos aqui. Não fosse isso, anunciava-se uma espécie qualquer de renúncia até que Almerinda voltasse a ver.
Numa noite de domingo, ela dançava ao som do Olodum no Pelourinho quando foi brutalmente agredida por um policial militar. Um golpe de cassetete no rosto fez com que ficasse irreversivelmente cega de um olho. “Acabou minha felicidade em tristeza. Uma tristeza dolorosa”, Almerinda Santos das Neves, 34, disse às emissoras de tevê.
O policial que a vitimou ainda não foi identificado, tampouco punido. Então os jornais e comentaristas virtuais gastam o tempo discutindo se no momento da agressão havia ou não uma briga ali por perto, como se o fato tivesse alguma importância. Enquanto a barbárie servir para justificar a punição aos maus, seremos apenas isto, bárbaros, com inevitáveis sobras aos inocentes.
Tatiana Mendonça escreve às sextas
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