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Me acomete volta e meia um sentimento que aprendi relativamente tarde a nomear, a nostalgia das coisas que não vivi. Encontrei esse nome tarde porque o confundi com a melancolia de domingo, com o excesso de cinema e com a falta de roupa pra lavar, provavelmente.

Para além disso, a nostalgia das coisas que não vivi é algo que não só me acompanha como, percebo agora, tem influência direta sobre a maior parte das minhas afeições, dos meus gostos e da apreensão que faço das coisas que vejo por aí, na vida e na internet, que é onde passo a maior parte do meu tempo mesmo, fazer o quê.

* O som do Best Coast, que descobri recentemente, dá um formato muito claro a essa sensação de nostalgia (que é uma leve dor, uma pequena saudade) de algo que não sei o que é, mas que me é familiar. Foi o bailinho na praia que me conquistou, com um reverbe e na voz e um levíssimo toque punk. Esta música já era minha favorita do disco, e depois desse clipe, ficou sendo um pouco mais.

* Pode não parecer para quem acompanha minhas postagens nas redes sociais diversas, mas eu tenho critérios na hora de compartilhar coisas. Esta notícia, sobre a suposta comprovação de que a viagem no tempo não é mesmo possível, entraria na categoria ciência/magia. Só que era tão bonita a ideia de que um dia seria possível viajar no tempo que fiquei com pena dos possíveis leitores do meu Google Reader e não compartilhei. Me senti escondendo dos meus filhos por um pouco mais de tempo o fato de que Papai Noel não existe. Depois reli o texto e percebi o trecho que diz que a China baniu a viagem do tempo no cinema e na TV esse ano, com a justificativa de que a história estava sendo tratada de maneira frívola e que não deveria ser interpretada como mutável. Senti que meus pais tinham escondido de mim durante todo esse tempo que a história realmente não pode ser mudada. Fiquei triste ao descobrir.

* Essa mulher mora num combinado de trailer+casinha de jardim+ateliê, perto do Oceano Pacífico. Não é a minha vida. Nunca será. Talvez eu nem gostasse se fosse. Mas ao olhar a foto, senti automaticamente como se já tivesse sido. Deu saudades.

Sei que essa nostalgia não é uma invenção minha. Na verdade, acho cada vez mais que estou em uma geração precocemente nostálgica de tudo. Mas ando me perguntando se isso é um fenômeno moderno ou se já existia antes. Me mandem um texto antigo e absolutamente genial de algum escritor falando sobre isso, caso tenham algum.

* E por falar em reminiscências, lembram daquele meu texto sobre o questionário de Proust? Pois alguém transformou o questionário (ou o que achou que ele era) em uma nova rede social. Deve ser a nostalgia do “Diário do bebê”.

Camilla Costa escreve às quintas-feiras.

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