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Lá na Bahia dizem que amigo que é amigo não separa briga, mas chega dando voadora. Foi mais ou menos essa a brutalidade da resposta de Manuel da Costa Pinto, curador da Flip, a Claude Lanzmann, um dos seus convidados.

O gancho da presença de Lanzmann foi o lançamento de seu livro de memórias A Lebre da Patagônia, lançado agora no Brasil.

Como mediador da conversa, o letrado Márcio Seligmann-Silva, professor, crítico e tradutor de literaturas.

Márcio escreveu sobre a ligação entre o Holocausto e a literatura, estuda o tema. Claude é conhecido por Shoah, documentário feito de entrevistas com sobreviventes judeus da Segunda Guerra. Na universidade francesa, o filme, de 1985, é tema atualíssimo.

A afinidade temática, porém, não deu fluidez à conversa. Márcio abordou o tema, relata o site “Folha.com”, mas Claude só queria falar do seu livro. Negou-se a responder.

Talvez estivesse no seu direito. Manuel achou deselegante. Mais: chamou-o “perpetrador da intelectualidade” (corri ao Houaiss; se quiser ir também, dá tempo).

Mais ainda: disse que sua atitude de recusar parte do debate foi um “preconceito contra o intelectual, coisa nazista”. Se isso ofende qualquer um, ofende muito mais Claude, que é judeu.

Manuel é muito próximo de Márcio, diz o mesmo site, e defender o amigo é honroso. Mas banalizar a História, não.

O nazismo é muito mais que um adjetivo pejorativo: é um dos mais complexos conjuntos de acontecimentos do século XX. Ser racista não equivale a ser nazista. Nem ser anti-semita, nem ser antiintelectual – mesmo que tudo isso tenha feito parte, metonímia aqui não cabe.

Manuel, professor de literatura, sabe disso melhor do que eu.

Diego Damasceno escreve às terças

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