Tudo começou como tudo costuma começar: havia uma garota bonita, simpática e agradável.
A primeira vez que sentei naquela esplanada da Praça Brigadeiro Faria Rocha foi por acaso, mas lá estava uma garçonete que depois descobri ser uruguaia, apesar de sua pele cor de sol-do-fim-do-dia.
Por aquele modo de falar português algo espanholizado voltei algumas vezes ao bar para simplesmente tomar um chope. Um chope.
Mas aí ela se foi tendo me dado apenas a oportunidade de saber que estava em Salvador para um mestrado em Dança. Passou e ficou o bar.
Um dia voltei e formamos uma mesa larga repleta de amigos. Bebericamos sob aquela amendoeira ao som de belos blues de negros americanos, que decoravam as tímidas paredes internas.
Já avançados na madrugada, notamos que os outros clientes e todos os garçons se renderam aos efeitos do álcool e do cansaço e nos deixaram no mundo paralelo que se forma quando se engrenam bons papos em uma mesa de boteco.
Pedimos a conta ao senhor magro, fiozinho de voz rouca, olhos avantajados e calça centro peito.
Ao invés de um papel com um estratosférico número, ele nos brindou com uma cerveja, da casa.
A bebemos com certa pressa para amenizar o alongamento da noite. Voltamos a pedir a conta e assim chegou outra da casa e depois mais outra e mais outra e outras.
Seu Zorba (“É sua mãe!”, diz ele quando é chamado assim) era o dono do bar e se somou à mesa para desfrutarmos juntos até o sol nascer por trás das telhas queimadas de marrom sujo que nunca antes havia percebido ali.
Pensei: esse é meu lugar.
A uruguaia já não era mais lembrada e outra paixão se nutriu ali sob o canto louco desde em cima de uma mesa de Divina Valéria – divina estrela intérprete de marcinhas e Edit Piaf -, do sax do professor Geová Nascimento e de muitos dos seus talentosos alunos.
Também ouvi ali por primeira vez o canto de Livinha (Livia Nery). Um passarinho.
Fiz a matéria postada abaixo para brindar a esperança que ainda existia (ainda existe?) de desfrutar de bons lugares com música além do convencional baiano.
Virei amigo de Zorba e vi o bistrô lotado naquela noite de sábado da publicação com gente com o jornal debaixo do braço.
Vi o ápice!
Mas vi também a decadência quando as reclamações dos vizinhos inviabilizaram o som – restaram os CDs arranhados – e a prefeitura não cuidou do básico e deixou a pracinha bonita às escuras.
Até conseguimos com a grandíssima fotógrafa amiga Margarida Neide – grande parceira d’A Noite Vai Ser Boa – recuperar a luz.
Zorba ficou agradecido, mas o silêncio que vinha da casa dos tristes boicotou a festa, o jazz, o blues, a filosofia de boteco e agora descobri que toda aquela alegria não passa de poeira.
E memória.
Vítor Rocha escreve aos sábados
4 comentários
Comments feed for this article
junho 5, 2011 10:23 pm às 22:23
Igor
Sem falar naquela deliciosa feijoada que tinha aos sábados…grande bistrô do Zorba…deixará muita saudade!!!
fevereiro 27, 2022 1:41 am às 1:41
Mih
Pro senhor poderia ser gostoso mais não tinha higiene nenhuma pelo menos em Carnaval a casa que ele abriu pra vender feijoada onde era o antigo esiba na rua da tche largato eu via como era feita a feijoada em péssimos estado perto de um corredor que era tapete de baratas e ratos as panelas não eram guardadas dentro da geladeira era uma nojeira só comendo por ele Zorba que é porco e ninguém da família faz questão que ele vá as jantares da família inclusive o irmão que é casado com minha tia que moram em Praia do Flamengo! Pq ele come suja do tudo todo porco digo porque conheço e minha infelizmente é casada com o irmão dele que vive usando os cpfs dos outros e sujando!
junho 6, 2011 6:34 pm às 18:34
Osvaldo
É como muita tristeza, que recebo esta noticia. Custa-me acreditar que um lugar cheio de cultura e talento, tenha sido deixado ao abandono por parte de quem responde pela cultura. Quantas cidades não dariam o apoio necessário, para que um lugar carismático e popular como o bar do zorba se mantive-se aberto. Perante a veracidade da noticia, só me resta recorrer a memoria e dizer. Obrigado pelos fantásticos momentos culturais, que ai passei. Se antes já tinha saudades, agora terei muitas mais ainda “Valeu Zorba” Sim, porque se digo seu zorba; já sei a resposta
fevereiro 27, 2022 1:37 am às 1:37
Mih
Claro foi a falência porque o tal Zorba irmão de Antônio Carlos Mota Nunes dos Santos Casado com minha tia Maria de Fátima Carvalhal Nunes sabem que o próprio Zorba destruiu tudo por ser usuário de drogas assim como também vendeu minha coisas que anos atrás ficou lá no esiba na rua Leoni Ramos N.88 ele também basicamente acabou até o albergue dos irmãos e a casa está a venda por 1 milhão o Zorba além de tudo isso usou os cpfs deles dois aí citados minha tia e do irmão sujou junto até com um cigano que era sócio na época do bar Charles Miller em 2003 que hoje é de dominguinhos o tal bar Van Gogh então tudo ele destrói e pra completar o irmão dele uma dos o arquiteto Antônio Carlos Mota Nunes dos Santos junto com minha tia Maria de Fátima Carvalhal Nunes tudo que vem deles não presta me usaram como laranja na época eu era nova não tinha noção de nada e me passaram a perna em várias coisas! Digo mais esse novo trabalho deles da empresa IMS Instala Forros e Divisórias é só eles dois que trabalham marido e mulher e pra completar tem sociedade com empresas de gessos são péssimos isso sim! Moram bem não gostam de pagar aos trabalhadores direito quem souber aí uma advogado bom pra me indicar sem custos gratuito pois não tenho eu ficaria grato pois utilizaram meu nome sujaram meu nome chegou mandato de penhora por ação trabalhista e fora isso complicaram minha vida toda pq deram baixa na empresa sem minha autorização ou seja falsificaram minha assinatura! Digo e repito não façam serviços com eles!