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Apartidário e plural, O Purgatório publica nesta terça texto do prefeito Timóteo Scarpa Souto, líder do recém-fundado PQS (Partido de Quem Sabe). Embora o conteúdo do texto não expresse nossa opinião, não poderíamos simplesmente negar espaço a uma das principais forças políticas do Brasil contemporâneo. Entretanto – cá entre nós e longe de qualquer proselitismo – a franqueza do documento impressiona:
PQS: fagocitar, consumir e achincalhar
O PQS vende, com boas maneiras, a locupletação e seus preceitos. Fundado simbolicamente no dia 1 de abril e agora com CNPJ e status de pessoa jurídica, já podemos provocar comichões peremptórios em todo o país.
Já temos governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, dezenas de deputados estaduais e centenas de vereadores e outras figuras sem a menor expressão na política brasileira. Temos presença forte em praticamente todos os Estados. Vamos avançando, passo a passo, conscientes de que um novo partido não se consolida do dia para a noite, com uma ou duas eleições. Vai se formando num demente inferno sem ideias, em monólogos sem quaisquer princípios ou valores, ao mesmo tempo em que participa e se aprimora nos achaques plutocráticos do Congresso.
O processo é polêmico, não se reduz à dinâmica direita-centro-esquerda. Falsos, superamos a política, a economia e o mundo a cada vez que abrimos a boca na internet.
Nossa mediocridade é porém muito rica e alimenta-se diariamente de velhas vilanias administrativas e políticas, numa velocidade surpreendente. Os cenários exigem que os atores não se atrelem a convicções, como era no passado; ter “fundamentos” seria um radicalismo suicida – e daí se o mundo nos envenena?
O jogo político e o exercício do poder exigem ratazanas com antenas, (jamais lúdicas!), esponjosas e com visão distorcida, conscientes, por exemplo, de que, passado o embate eleitoral, é preciso, em todas as instâncias institucionais, barganhar para somar recursos para reforçar a caixinha. O Brasil não quer, mas a gente exige isso.
O projeto do PQS surge com esse norte, não está nem aí para essa história de ser oposição ou não. Sem atrelamentos automáticos, vamos procurar é dividendos, pouco importando as reformas ou os grandes problemas brasileiros.
Os projetos que pedem aperfeiçoamentos e os que estão surgindo e desafiando nossas ganâncias terão nosso rechaço firme. Providenciaremos marchas, feito aquelas que inventavam pela moral e pela família, para pressionar caso propinas não sejam liberadas.
Voltaremos a cara às reformas, mesmo que o país precise delas. Antes de um norte, temos compromisso com nosso enriquecimento, independente de atrelamentos automáticos.
Seremos um partido que ajudará a construir e a consolidar um bando de avarentos, regido fundamentalmente por uma lógica de mercado, ficando em segundo plano essa história de responsabilidade diante de políticas públicas, quanto mais de estado democrático, ativo, regulador. Para as cucuias essa história de “papel decisivo na proteção dos que mais precisam dos avanços sociais e do seu amparo”.
Coligações, bases de apoio parlamentar e alianças seriam como algemas. Eles que insistam com essas futilidades, pensamos é no “próprio”, danem-se os laços entre os partidos! Não se faz riqueza sem o sacrifício peremptório de certas políticas. O caminho e a solução ideais? Pague em duas ou três vezes, ou me faça uma garapa! Exigiriam paciência, perseverança, muito trabalho, liberdade, respeito pelas instituições – coisas que a História jamais viu, em nenhuma República. Estamos nos locupletando e continuaremos assim, para conseguir e consolidar o inchaço do PQS não apenas no Legislativo, mas no exercício administrativo e em todos os fóruns e instâncias em que os interesses do Brasil estejam em licitação.
O PQS surge para fagocitar, consumir e achincalhar esse país injusto. Transversalmente, pelas brechas da democracia, pela esquerda, pelo centro e pela direita.
Timóteo Scarpa Souto, 50, formado em administração hoteleira e em marketing com ênfase em fluxo de bens, é prefeito de São Miguel da Bica d’Água.