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Andava procurando coisas terríveis para ler.

Um amor que deixou de existir porque a menina morreu pequena num acidente de carro e aí ficará seu homem destinado sempre sonhando e procurando, sem nunca encontrar. Pode ser que se crie poeta e escrevendo muito tente não usar o termo alma gêmea, mas será mais forte que ele.

Ou os detalhes que precederam e sucederam o genocídio em Ruanda, presentes em “Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias”, de Philip Gourevitch, sendo o título do livro bilhete que de fato existiu e a quem ninguém atendeu.

Coisas assim. Para achar o mundo muito cruel de ser vivido. Para poder pertencer aos delicados do versinho de Drummond que achando bárbaro o espetáculo prefeririam morrer.

Se recusar é o que fazem os dignos. Mas não há vida possível sem um relatório infinito de indignidades acumuladas. A injustiça parte primeira do mundo.

Um velho e adoentado artista contou que sonhava estar no leito do fim e então não tinha mais dinheiro, nem prestígio, nem amor. E o pavor que tinha acordado de que sua genialidade fosse negada por qualquer parâmetro de realidade.

Sendo o perfeito impossível, na arte ou qualquer outra parte, marca-se apenas mais um item na lista.

Tatiana Mendonça escreve às sextas

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