“pedra que muito se muda não cria limo jamais
você muda tanto de amor e já quer me mudar (…)
você não é pedra meu bem
pense antes de me mudar
você tá procurando sarna pra se coçar”

não me venha com churumelas e eu já conheço esse seu jeito de andar de lado pendendo a cabeça pro lado direito, feito carregador de andaime

quando começa a envergar sinto cheiro de tipo de ponga em bondinho, sabe, querendo saltar fora, puxar o barco, escafeder?

tô com tanta raiva, espumando, que puxo você pelos fundilhos e não tem quem faça eu soltar pra você cair no mundo

escute Alcione, neguinho, escute Alcione: você não é pedra, não pense em me mudar, você tá procurando sarna, neguinho, ah se tá!

Deixe de quiquiqui cácácá com sua conversa mole, porque sou dura na queda, você sabe disso, marmanjo nenhum vai botar conversinha pra me arrudiar

já dizia um tio meu que o avô dele gritava bem assim quando batiam na porta de frente e ele tinha preguiça de levantar: arrudeeeeeeei, e quem viesse tinha que dar a volta no quarteirão pra entrar pela porta do fundo, mas sabe por onde você vai entrar? lugar nenhum, ousado, porque nessa casa quem manda sou eu e não tem porta do fundo, porta da frente, porta de lugar nenhum

porra, como é que eu sabia que você ia falar justo isso: pela porta do seu coração! Ahhhh, miserento, lazarento, você me cansa demais da conta com essa sua babaquice e levanta essa sua cabeça, fica pendendo a cabeça de lado, com esse olhar perdido de quem tá sem teto

preparei um copo de balantaines com duas pedras de gelo pra te esperar, tava toda toda de amor, mas você me chega pendendo de lado, puta-que-pariu, aí me desmorona as idéias porque sei que você pendendo é vaso perto de quebrar, vaso ruim demais, sem conserto

vá de retro porque eu já nem te quero mais

pelo menos essa noite

Carmezim escreve às quartas-feiras