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Estas palavras de Richard Wollheim, em seu livro A pintura como arte, fizeram-me pensar em como o estímulo atual e descentralizado a pouca duração da atenção nas coisas visuais – TV, cinema, publicidade… – , estímulo que vem das próprias coisas visuais, é uma maneira indireta de propor que certas formas de expressão são ultrapassadas; em como a ideia de aceleração e superficialidade, bem como a crença no esforço mínimo em troca da intensidade máxima (penso no ato de fotografar compulsivamente e na sua extensão quase natural que é tornar o resultado público, ou no “sou feliz” que as capas de revista vendem: “porque sou magro, porque sou forte, porque sou rico, porque sou loiro…”) nivela as situações da experiência humana pela capacidade de cada uma delas de “dar retorno”, de causar estímulos de fácil compreensão no corpo e nos olhos (comida açucarada em embalagem colorida); e também no jeito como tudo vira objeto de troca em um jogo econômico cuja única faceta é a financeira, onde nada se cria e tudo se consome:
“Revendo obras que já conhecia ou, em alguns casos […] vendo uma obra pela primeira vez, desenvolvi um modo de olhar pinturas que me tomava muito tempo e me era profundamente gratificante. Pois me dei conta de que frequentemente ficava uma primeira hora diante de uma tela deixando assentar vagas associações ou percepções enganosas, e só depois de observá-la por um tempo equivalente ou ainda maior, é que podia esperar que a obra se revelasse a mim tal qual era”.
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Pequena estória do dia da mentira.
Condenado a morte, o filósofo foi chamado à presença do rei, que lhe disse:
– Sou justo. Dar-te-ei a chance de escolher como morrerás.
O rei continuou:
– Fala. Se contares uma mentira, serás enforcado. Se contares uma verdade, serás guilhotinado. Fala.
O filósofo falou:
– Eu não vou ser guilhotinado.
Diego Damasceno lê e reconta às terças