eu avisei.

eu deixaria as suas costas expostas, sua coxa em postas, transmutaria o teu sangue pra o meu peito, sangraria a tua alma, mijaria no teu pé, desgastaria o meu dente arrancando um pedaço do teu antebraço

virei pó de morto, desatinei de mim mesmo e virei estátua, espera em um ponto do mundo que não gira, eixo estanque sem você

eu avisei e avistei a batata da sua perna ser a última a coisa no quadro da porta aberta, você com o cabelo voando e o meu rosto histérico, pedra rolando, rock’n roll, você bossa-nova de olhar fugidio

apelei

disse só eu sei dos ungüentos pra te curar, miserenta, azarenta da desgraça, salafrária, minha dor! dei com o pé na porta, curandeiro sem planta, sem mato, sem flor

desde as dez horas da manhã o mundo ganhou nova realidade – virou buraco

ela ainda não voltou

Carmezim escreve às quartas-feiras