Diz esse blog que o escritor americano F. Scott Fitzgerald tinha, em um de seus cadernos, uma lista de premissas e ideias para histórias que nunca foram escritas.
Invejei-o, naturalmente, porque nunca consegui manter uma lista como esta. As minhas ideias só aparecem na quarta-feira de madrugada, sob o peso de ter que escrever. Com muita sorte, virão na terça-feira à tarde. Um suplício eterno para o editor-chefe de O Purgatório que, se eu não suspeitasse ter uma quedinha por mim, sei que me odiaria.
As ideias sobre o que escrever devem ser, acredito, como as ideias sobre o que filmar, ou o que compor, ou o que pintar. Ideias para textos são voláteis e pouco misericordiosas e suspeito que o são para nós, pés-de-chinelo escrevendo em blogs, como eram para Fitzgerald, se é que algo nos une.
Há um período limitado no qual elas sobrevoam sua cabeça – que pode ser de horas ou de anos. Se você não souber agarrá-las e utilizá-las dentro desse período, elas vão embora. Alguns tentam prendê-las por mais tempo em cadernos, pedaços de papel e arquivos de Word, mas nem assim.
O outro motivo pelo qual invejei Fitzgerald é que, mesmo nas poucas vezes em que cheguei perto de uma boa lista, não consegui ter ideias como:
- A estória de um homem tentando esquecer o seu passado e o encontrando em todos os lugares;
- Pai ensina filho a jogar em uma máquina de azar; depois o filho, inconscientemente, perde sua namorada na máquina;
- Jovem mulher cobradora de dívidas começa a cobrar dívidas de um homem falido. Elas provam ser morais, além de financeiras;
Ou:
- Família se separa. Isso deixa marcas nos três filhos, dois dos quais se arruinam tentando manter suas famílias unidas e um terceiro com quem isso não acontece;
- Peça sobre um monte de pessoas velhas – coisas terríveis acontecem com eles e eles não se importam;
- Menina e girafa;
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