* A equipe de O Purgatório está de férias até o dia 8 de janeiro. Até lá, republicaremos diariamente uma seleção dos melhores textos de nossos colunistas ao longo deste ano. Bom fim de ano a todos e até 2012!
Na última semana ouvi muito chororô e chorei também por uma despedida de 25 companheiros latino-americanos participantes de uma experiência fantástica.
Reformulo, porque não nos despedimos dos amigos, mas sim dos momentos, das situações vividas e que ficam para trás.
Os amigos não passam e sempre aparecem em nós mesmos, nos gestos e expressões que incorporamos, ou nos outros, que por vezes levam em si um sorriso, um olhar, um cheiro ou qualquer outra coisa que nos leva a lembrar de outro.
Mas e as despedidas, o que são?
Uma aproximação da morte ou um sentimento exacerbado, e quase palpável, sobre o estar vivo?
Ou os dois?
Ou nenhum?
Quando fechamos um ciclo, aquele abraço num companheiro ganha um gosto de adeus. Acaba-se uma etapa e a sensação é essa, simples, de que algo acabou.
A morte, em etapas.
Mas aí é que está. O fato de sentir um pouco a aproximação com ela (lá ela!) nos faz sentir mais vivos, percebemos que vivemos algo importante!
A vida, permanente e notável.
Por isso perdi o medo de despedidas. Elas oferecem a sensação de morrer e, portanto, de viver, em potência.
Toda ela contraditória assim nesse vai e vem.
É melhor se despedir, uma e outra vez, e chorar também, por ter vivido e morrido um pouco, por que não?
E abanar aquele abraço empoeirado pelo constante e imutável.
Vítor Rocha escreve aos sábados
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