Almodóvar filmou Volver, mas nem gosto desse filme, não sei se pelo nome ou por ele próprio.
Voltar é complicado, não acredito nele.
Voltar é um caminho inexistente, um verbo incompleto.
Entraria em contradição se noticiasse aqui o fato (sem nenhuma importância) de que voltei a Madri.
Estou novamente na capital espanhola, mas sem nenhum um sentimento de retorno.
A cidade que deixei pouco mais de dois meses atrás não é mesma.
Me sinto olhando e sendo olhado desde outra perspectiva. Talvez porque observo diferente e por isso sou diferentemente olhado.
Sutilezas.
As pessoas que formavam a Madri de meses atrás estão espalhadas pela América Latina, salvo raras – e boas – exceções.
A cidade muda, em seu aspecto, desde o sentido das partidas. Ela absorve outra alma, novas aventuras.
Quem veio não voltou, quem ficou já foi, quem foi não voltará.
Equações de uma vida comum, se é que isso é possível.
Gosto de caminhar pelo Paseo del Prado e observar as árvores quase marrons do outono.
Um nova estação, igual a de um ano atrás, com as mesmas folhas no chão.
Vítor Rocha virou adepto da siesta, mas voltou a escrever aos sábados.
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