Neste domingo, Sóror Juana Inés de la Cruz tem mais que eu a dizer. Abaixo, um seu poema, seguido de uma tradução livre para o Português.
QUEJASE DE LA SUERTE: INSINUA SU AVERSION A LOS VICIOS, Y JUSTIFICA SU DIVERTIMIENTO A LAS MUSAS.
EN PERSEGUIRME, Mundo, ¿qué interesas?
¿En qué te ofendo, cuando sólo intento
poner bellezas en mi entendimiento
y no mi entendimiento en las bellezas?
Yo no estimo tesoros ni riquezas;
y así, siempre me causa más contento
poner riquezas en mi pensamiento
que no mi pensamiento en las riquezas.
Y no estimo hermosura que, vencida,
es despojo civil de las edades,
ni riqueza me agrada fementida,
teniendo por mejor, en mis verdades,
consumir vanidades de la vida
que consumir la vida en vanidades.
Tradução livre:
QUEIXA-SE DA SORTE: INISINUA SUA AVERSÃO AOS VÍCIOS, E JUSTIFICA SEU DIVERTIMENTO ÀS MUSAS.
EM PERSEGUIR-ME, Mundo, que te interessa?
Em que te ofendo, quando só tento
pôr belezas em meu entendimento
e não meu entendimento nas belezas?
E não estimo tesouros nem riquezas;
e assim, sempre me causa mais contentamento
pôr riquezas em meu pensamento
em vez do pensamento nas riquezas.
E não estimo formosura que, vencida,
é despojo civil das idades,
nem riqueza me agrada fementida*,
tendo por melhor, em minhas verdades,
consumir vaidades dessa vida
que consumir a vida em vaidades.
* enganosa, falsa
2 comentários
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outubro 19, 2011 7:36 am às 7:36
elena
lembra um pouco fernando pessoa, quando ele diz que sem filosofia há árvores apenas, e com, há a ideia do que seja uma árvore…não sei se tem algo a ver, mas gostei.
outubro 19, 2011 12:22 pm às 12:22
Ricardo Sangiovanni
É, Elena, se terá algo a ver com Pessoa, não sei te dizer… Mas já fico modestamente satisfeito que você tenha gostado :) Volte sempre!