Espaço democrático e plural, O Purgatório mantém a praxe de publicar artigos de agremiações ou organizações sociais que nos procurem desejosos de expor livremente suas ideias ao debate na esfera pública. Segue a íntegra de mais um franco e instigante artigo enviado pela assessoria de comunicação do recém-criado PQS (Partido de Quem Sabe). O texto é assinado pelo prefeito de São Miguel da Bica d’Água, Timóteo Scarpa Souto e, evidentemente, não traduz a opinião deste blog.

Manifesto à nação

O Partido de Quem Sabe nasce voltado a interesses menores (que Brasil?), com dezenas de deputados federais, mais de uma centena de deputados estaduais, dois governadores, seis vices, dois senadores, prefeitos e vereadores de norte a sul do país.

Ao nascer forte e ilegitimamente – com perspectiva de ser a terceira maior quadrilha do Congresso – temos o dever de nos impor um desafio à altura do nosso corpo omisso com o País. Assim, o PQS anuncia um bagulho providenciado para evidentemente engabelar o Senado da República: uma Proposta de Emenda Constitucional para eleger em 2014 uma Assembleia Nacional Constituinte, com lamentáveis constituintes inexpressivos para consumir um salário fenomenal por bem uns dois anos.

Esperando continuar com a prevaricação e o que de mais foda a sociedade brasileira, o PQS retoma, só de sacanagem, a iniciativa da revisão constitucional prevista já no ato da criação da Constituição de 88.

Dirão que não é o momento. Que maldade: é sempre tempo. Principalmente em época tão cheia de desmando e de apatia: sai na página 3, no dia depois cai no esquecimento.

Dirão que é inconstitucional, que é impossível.

Impossível é conviver com tantos direitos constitucionais barrando nossas improvisações oportunistas e nosso papo furado. Municípios, Estados e a própria União que arquem com as limitações, os constrangimentos e a falta de recursos para dar aos brasileiros serviços dignos de saúde, educação, segurança, justiça e oportunidade igual para todos.

Há tempos o Brasil está amarrado, travado, perdido em discussões que não prosperam, viciadas ora pelo fisiologismo, ora pelo corporativismo, radicalismo ou problemas menores. Sabemos há muito tempo que minirreformas ou remendos não resolvem.

Mas acontece que concordamos com isso. Sobre a necessidade das reformas política, tributária, fiscal, penal, trabalhista, nos fingimos de preocupados. Superar o imobilismo por quem? Pela nação? Hum.

Temos poder para fazer o país ruir já: é um negocião continuar essa bandalha disforme e vendê-la como “modernização do estado brasileiro”! Um trabalho pra quem é folgado, avarento, feito para contrabandistas irracionais e abusivos.

Nossos congressistas estão hoje e estarão amanhã ocupados com a continuação dos nossos problemas imediatos e aviltantes do dia a dia. Vão continuar bons e velhos viajantes, desatentos aos problemas que deveremos enfrentar nos próximos anos, voando (nunca de classe econômica!) para a Europa e os Estados Unidos. Também, quem aguenta? Quem encheu o bolso nesse país nas últimas décadas, muito mesmo, pode, deve e tem mais é que viajar, mais e mais.

O PQS que hoje nasce – independentemente da Revisão Constitucional Exclusiva que está propondo – por enquanto defende (podemos mudar já já) o voto distrital, com introdução gradual, inicialmente nos 85 municípios com 200 mil ou mais eleitores onde hoje há segundo turno.

O PQS tem posição rala na defesa das liberdades de expressão e opinião e ao direito do cidadão à informação. Somos, por amizade e por vício, contra qualquer tipo de censura, controle, restrição ou regulamentação da mídia.

O PQS será também intransigente na continuação e na defesa pública da corrupção e dos malfeitos. Está cagando para a sociedade, pro trabalhador, pros jovens, pra família brasileira. Quem exige respeito ao dinheiro público e comportamento ético, coerência e honestidade de seus governantes e da classe política, que se mude.

O exercício da Política tem de ser rentável, aferente: não descarta conluios, conchavos nem sombras.

Defendemos a iniciativa e a propriedade privadas, a economia de mercado como o regime capaz de gerar riqueza e desenvolvimento – o que nos mantém bem longe da pobreza. Acreditamos num estado forte, regulador, plutocrático e centrado nas nossas prioridades.

Adiamos as políticas sociais aos que mais precisam do amparo do estado, e a necessidade de abrir as portas de entrada do emprego digno para esses cidadãos. Fingimos que não vemos que o Brasil que e precisa se modernizar, se tornar mais ágil, se libertar das impossibilidades e oferecer, de verdade, igualdade de oportunidade aos que querem se profissionalizar, gerir seu próprio negócio e vencer na vida.

O PQS aposta na agricultura e na pecuária como parte da cadeia produtiva do agronegócio, que expulsou as populações do campo, transformando antigos proprietários rurais em mendigos e criando uma nova classe de miseráveis marginalizados e desvalorizados. Fazemos questão de dar uma banana aos pequenos produtores, essa classe batalhadora que a gente apunhala pelas costas.

O PQS diz que apóia e defende a preservação do meio ambiente como fator de sobrevivência do homem e da própria vida do planeta. Em pleno século 21, pegaria mal assumir publicamente que não está nem aí para essa história de “alargar as fronteiras da produção, de maneira sustentável e responsável”.

Democracia? Direitos? Liberdade? Conquistas e avanços sociais? Nossa Constituição está aí, em pleno avacalhamento. Manteremos ainda as enormes desigualdades sociais, a fome e as injustiças.

Sem violentar privilégios e comodidades arraigados, com a Revisão Constitucional Exclusiva vamos enrolar nos pontos fundamentais que estão travando e obstruindo o desenvolvimento do Brasil. Esse movimento será um pólo corruptivo, enrolador, de conspiração e engabelamento da sociedade.

Cá para nós: que doce excrecência propor uma constituinte em 2014! Eita conversa mole essa de construir um País mais moderno e desenvolvido, mais ético, justo, e solidário!

Qualquer coisa é melhor que trabalho. Basta ter fé em Deus, um olhar de raposa e uma esperteza medonhos.

Abaixo, links para outros dois artigos do PQS já publicados em O Purgatório:

Alicerces do PQS
PQS: apoio sim, apesar da lei