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Um chamejamento para o clarear do sol costuma acordar as paredes caiadas de branco.
No reboco ainda está o banheiro, a sala com uma mesa de quatro pernas fininhas que se dobram pra dentro quando preciso.
Um formigamento assume a soleira quando as crianças pisam com a pele dos pés ao voltar do quintal.
O fogo volteia a conversa do velho.
A alma das coisas de dentro de casa sobrevive na mão de minha mãe.
Quando o feijão cheira, a panela de barro sorri, a farinha assume postura.
Meu pai ensinou a pendurar a rede na lembrança.
O clarão do meio da casa vem da telha-transparente-filha-única.
Precede o fechamento das portas o chamegamento de Tonha e Andrade. Ai de quem diga que viu.
De tanto marejar, os olhos de Delaide caiaram as paredes de mar.
Silêncio em casa é quando o pilão para de pilar.
O moedor de milho faz as vezes de trazer pra vida o cuscuz.
O pó-pó-pó é o desfazimento do silêncio.
Ilusão é achar que casa não tem vontade pra dentro. Vontade dela mesmo.
(risos)
A casa contou um segredo pra mim: ela sabe com quem sonho toda noite.