Essa casa tem barulhos que aumentam de noite. Como se as portas conversassem com as janelas, que só às vezes respondem.

Ele explicou que era o frio. E o calor. Quando passava de um para o outro, milimetricamente aumentavam ou diminuíam, o que produzia os sons.  Ou talvez fosse a altura do vento.

Ou se estivesse mal-assombrada.

Precisa parar de ter tantos medos, era sempre como a conversa terminava.

As horas podem se estender num cordão de muitas voltas, cada conta contendo a eternidade, como aquela teoria dos fractais que leu na revista. Tão bonita que o mundo poderia terminar ali, mas continua, sempre.

Então há o tédio, que come carne humana. Algumas pessoas vão sempre dar um jeito de se sentirem infelizes. Quase a maioria. Por isso o budismo prospera pouco.

Tatiana Mendonça escreve às sextas (a série das buscas talvez ainda volte)