Os Ramones existiram de 1974 a 1996. Eram: Joey Ramone, Johnny Ramone e Dee Dee Ramone. Logo depois veio Tommy (Ramone).

Esse último foi o primeiro fundador a sair da banda. Deu o lugar a Marky, logo substituido por Richie, que saiu para a entrada de Elvis, que só esquentou a cadeira para o retorno de Marky. Dee Dee também acabaria saindo, quando entrou C. Jay.

Mesmo com a troca de nomes, o sobrenome durou até o fim. Os Ramones foram Ramones porque quiseram continuar a fazer música mesmo depois das baixas. Eram um pouco como os jogadores de futebol do passado: tinham amor à camisa.

E os fãs sabem disso. Mesmo que alguns façam questão de dizer que só gostam dos três primeiros discos (com a formação original). Ou que só ouvem a partir do quarto. Ou que tudo mudou quando Dee Dee saiu. Ou que Marky, o verdadeiro Marky, nunca voltou. Havia amor enquanto havia boa música.

Ainda há. Mesmo que o « boa » aí varie um pouco segundo cada um. Acho que quem não decidiu não gostar mais dos Ramones depois das mudanças fez uma escolha que vai além do pessoal. Da pessoa que segura a guitarra. Da pessoa vestida de preto, cabelo na cara e calça apertada ali em cima do palco. Da pessoa que diz « onetwothreefour » !

Acho essa escolha mais interessante do que a feita por alguns fãs do Legião Urbana. Segundo li na Folha de S. Paulo, eles protestam contra a escolha de Wagner Moura para cantar, com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfa, num show tributo organizado pela MTV.

Sinceramente não entendo. Wagner Moura é um fã, o que ja é um bom sinal. Também não está desempregado, por isso não há risco de querer substituir Renato Russo. O som do Legião não é « único » (alô Joy Division!), nem o é, tampouco, a voz de Renato Russo (o vocalista do Catedral está aí para provar).

Sem gostar tanto do Legião, valorizo que as pessoas (pessoas que eram da banda!) se mobilizem para reviver a coisa de algum jeito. Do jeito possivel. Até porque é possível. Os pinkfloydicos lotando estádios para ver Roger Waters tocar The Wall são o melhor exemplo. Ou Paul McCartney solo cantando Hey Jude e fazendo velhinhos e jovens chorar.

Acho um tanto preguiçoso fazer reportagem com gente sem sair da frente do computador. E, por não ter Facebook, não posso verificar eu mesmo a extensão dos protestos (a fonte da Folha são as redes sociais). Mas se forem meia dúzia ou um milhão a reclamar, acho que sempre será suficiente para pensarmos: ser fã do quê? Da pessoa ou da música? A primeira opção é arriscada. Ou você não sabe que Bob Marley era um machista radical ou que David Bowie é um dos maiores egocêntricos vivos na historia da musica?

E se for da música, cabe ainda perguntar: fã de que tipo? Do que gosta ou do que quer « mandar » ? Fã do tipo « dono » ?

Diego Damasceno escreve às terças