“Quem foge da saudade
Preso por um fio
Se afoga em outras águas
Mas do mesmo rio”
Saudade
essa escopeta apontada pra o meu peito desde quando o seu cheiro sumiu de casa e não teve quem fizesse a terra voltar pro eixo, samba de tantos devires, solidão: essa pessoa torta da minha existência
súbito desagrado o movimento sempre indo, sempre em frente, volto ao ponto do que era dois e passou a caco quebrado, e Paulinho Moska me dizendo Saudade a luz que sobra da pessoa
se desandei, meu bem, culpa única exclusiva only sua porque deixastes a porta por fechar pra que eu visse o calcanhar deixar o frame, sumisse sem fumaça, nu e cru o desatino de não poder viver só entre quatro, cinco, seis, dez paredes. Ou sem
me materializo nesse sem que não tem – fim
e de nada adianta a vitrola, a capa de chuva, as folhas de papel rascunho, a sua mania de máquina de datilografar, os lances de escada, suco de caju: se me desorientei dentro desse filme de amor e ausência com tantos mundos seus é porque perdi o meu quando você deixou a porta entreaberta
Saudade
essa escopeta carregada engatilhada apontada pra o meu peito
2 comentários
Comments feed for this article
março 7, 2012 11:10 am às 11:10
thiago domenici
muito bonito. parabéns pelo texto.
março 22, 2012 11:26 am às 11:26
Carmezim
Valeu, cara!