A campanha passou, ninguém viu, e amanhã a Espanha elege novo presidente de governo.

As pesquisas apontam o candidato da direita Mariano Rajoy (Partido Popular) como grande vencedor sobre Alfredo Rubalcaba, ex-ministro do Interior do atual governo socialista.

Mas a vitória de Rajoy, que navegou no “quanto pior, melhor” pode ser comemorada já com champanhe vencida.

É realmente bom negócio político administrar um país com um em cada quatro trabalhadores sem emprego, com a completa desconfiança do mercado, 300 mil famílias obrigadas a devolver suas recém compradas casas por não poder pagar a hipoteca?

Não há perspectiva de crescimento a curto prazo, não há indústrias em vista e a saída dos jovens bem qualificados é o estrangeiro.

No mais, uma ressaca de quinze anos de farra com o dinheiro europeu que construiu estradas e trens de alta velocidade ligando o nada a lugar algum, aeroportos modernos com um voo semanal, estádios para ninguém e coisas do tipo.

Sem qualquer marketing político, sem qualquer discussão pública relevante, o Partido Popular voltará ao poder na Espanha, segundo indicam as pesquisas, para, talvez, assistir ao agigantamento da oposição, que agora é governo.

É a anunciada derrota do futuro vencedor, que, além de tudo, governará para a forte Alemanha e França mandarem no que deve ou não fazer.

Ou melhor, onde e quanto deve cortar. Recortes, recortes e recortes. Bem ao estilo FMI de tempos atrás em nossas plagas.

Vai sobrar para o seguro desemprego que sustenta uma situação social ainda longe de qualquer crise visível porque 3,5 milhões dos 5 milhões de “parados” recebem ajuda suficiente para manter o nível de vida. E para muitos outros alicerces do estado de bem estar social.

E o mercado interno se apequenará, e a crise chegará às ruas com o que ela trás junto: furtos que viram roubos, tráfico, desilusões, desesperanças…

Mas nada, pelo menos por enquanto, comparado com o que se vive em qualquer periferia de grande cidade latina. Essa é a verdade verdadeira, mas que dói dizer.

Vítor Rocha escreve aos sábados