Um golpe está sendo engendrado nos subterrâneos da Redação de O Purgatório. Um golpe que visa defenestrar peremptoriamente este que vos escreve. Um golpe – e agora o detalhe – cuja semente maligna foi lançada por… mim mesmo.
Em conversa secreta (seguramente espionada pelo serviço de segurança norte-americano), confidenciei nesta semana a uma de nossas colaboradoras que eu, tido como coordenador deste respeitável veículo da imprensa e letras nacionais, soneguei minha presença (a pessoal e, sobretudo, a institucional) em importantes festas literárias transcorridas no interior baiano no último final de semana; e que, tendo-o feito por motivo vil, prejudiquei sobremaneira os negócios de O Purgatório.
Porque, em vez de estar lá, marcando presença, fazendo uma social, sorrindo para umas fotos e torrando os miolos na audiência de lícitos debates sobre as angústias e tarefas sociais da vida literária (enfim, conhecendo o caminho das pedras, que afinal não é favor nenhum, senão obrigação de um CEO que se preze), dediquei meu sábado e domingo a pintar os exaustivos quadrinhos (na verdade, bolinhas) do ENEM.
Os purgadores, amigos mui cordiais e abnegados de recompensas materiais e desejos de fama, não protestaram, é verdade. Mas eu mesmo, cheio de mordaz autocrítica, o faço agora: ou O Purgatório começa a batalhar por espaço e prestígio nas esferas sociais que lhe são afins (não vou falar em capital simbólico, Bourdieu, porque me acusarão de erudito), ou seguirá sendo um bloguinho cheio de autenticidade, de brios e outras pobrezas, mas vazio de audiência, de pegada “profissional”, de projeção, de fama e (o que conta de verdade) de tutu.
De sorte que, ante a calma de meus talentosos colegas de labuta, proponho eu mesmo um golpe contra Ricardo Sangiovanni – que é até boa gente, coisa e tal, mas tem-se revelado um absoluto incompetente no tocante à mentalidade empreendedora necessária para fazer este blog (como é mesmo que se diz?) acontecer.
Proponho um daqueles golpes que vemos nos filmes, em que os membros da diretoria, do dia para a noite, resolvem aposentar compulsoriamente, com um salário gordo, o presidente da empresa – o qual, coitado, entra na sala de reuniões pretendendo-se todo-poderoso e então vê sair, da penumbra, seu algoz, ungido pela maioria, para tomar-lhe a cadeira.
Porque Ricardo Sangiovanni é anacrônico, não tem visão de negócios, de futuro; não pauta, não interfere nos textos que vão para o ar – enfim: não tem comando. E assim, sob sua batuta, vão-se desperdiçando escribas talentosos, porque mal orientados, mal assessorados e, sobretudo, porque excessivamente entregues a suas próprias autoralidades. Outro dia alguém perspicaz reclamou: vocês são legais, mas muito autorais, não escrevem para o grande público, e sim para amigos, para iniciados…
Portanto, é hora de dar um basta a Ricardo Sangiovanni. Tirem-no de uma vez por todas do comando de O Purgatório, e esse projeto modesto crescerá.
De quebra, aproveitem que ele fez boa pontuação no ENEM e escolham-lhe uma profissão que lhe dê mais jeito, alguma em que ele sirva mais à sociedade, porque da atual (não leva a mal, hein, Ricardo) ele não entende lhufas.
Ricardo Sangiovanni (ainda) escreve aos domingos
2 comentários
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novembro 3, 2013 2:55 pm às 14:55
Eduardo Sarno
Vá com calma, sr. Presidente ! reuna a diretoria, tracem um plano diretor, nomeiem um diretor executivo e pronto ! quanto ao grande público, ele virá. O texto autoral é importante, universal, se os amigos gostam já é um bom sinal, o resto do mundo virá depois. O blog pode ser seu arco iris, com seu pote de ouro no final. Voto contra a deposição do sr. Presidente.
novembro 29, 2013 9:02 am às 9:02
Franciele Kruczkiewicz
Não faço parte da esfera de amigos dos escritores do blog, mas o acompanho diariamente. Já é um começo…