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por Paulo Marciano
Enquanto vocês ficam aí brincando de carlismo, neocarlismo, direita e esquerda, há um único ator político em todo o século 21 que pode se gabar de ter mantido em 2012 o status de 100% de aproveitamento na majoritária soteropolitana. Seu nome: João Henrique de Barradas Carneiro.
Sim, vocês e todos ao seu redor praguejam e cospem no chão ao falar o nome do camaleônico moreno de testa infinita, olhos de ressaca braba e corpo bronzeado de nadador sênior. Sim, ainda este mês de outubro uma pesquisa do Babesp apontou um índice de rejeição de 76,5% em sua atual administração (rejeição que foi a marca de suas duas gestões). Sim, apesar do desprezo pelo alcaide que até praça vendeu, há oito anos o ex-surfista de Feira de Santana é o maior vencedor na política da capital.
Eleito, reeleito e acaba de fazer seu sucessor.
Bombardeado por todos os lados na última campanha majoritária, trabalhou nos bastidores e também elegeu seis vereadores de um partido satélite ao seu governo. Junte-se mais quatro históricos testas de ferro, e a Câmara Municipal de Salvador começará 2013 com nada mais nada menos que duas mãos cheias de edis joãohenriquistas.
Caros amigos, bradejem o quanto quiserem, mas Salvador disse e ainda diz “sim” a João.
Diz sim a essa esfinge que permanece indecifrada. Há duas principais correntes de pensamento sobre o perfil joãohenriquiano no meio político.
Primeira: a charada feirense é comumente apontada como um monolito de incompetência e fraqueza emocional facilmente influenciada pelos setores econômico e político da capital baiana. Seus manipuladores teriam feito a festa na partilha de oportunidades de “progresso” na gestão do prefeito chicleteiro. Fazem uso da marionete guiada por uma grande máquina eleitoreira que deu (e vem dando) certo.
Segunda: o prefeito crocodilo. Astuto jogador da política, desprovido de moral, ideologia e essas coisas antiquadas que só servem pra ganhar discussão de barzinho e alienar menino de grêmio escolar. Sabe como poucos atuar nos bastidores arranjando e desfazendo acordos ao seu bem querer. Manteve-se sempre apadrinhado de algum grupo político emergente e esperançoso em capitalizar a caneta da terceira maior cidade do país. Não é à toa que um bom número de cobras criadas da política baiana chora a traição do antigo pupilo.
Seja qual for o João Henrique (uma mistura dos dois, talvez), a esfinge devorou a cidade mais uma vez. “Vocês me rejeitaram? Pois eu provei que vocês me amam”, diz agora o ressabiado alcaide do alto de sua nova cobertura pós-PDDU. De lá, ele planeja os próximos passos. Radialista? Talvez. Candidato a governador? Quem sabe. Duvidem de João Henrique. Riam da cara de João Henrique. Chamem-no de louco desvairado, deslumbrado, ingênuo, pau mandado.
Mas lembrem-se: ninguém jogou melhor o jogo neste século do que João Henrique de Barradas Carneiro.
Paulo Marciano é o convidado especial deste domingo