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eu que aqui espero feito essa xícara de café frio, o peito amargo, intragável, a tua mão batendo na porta em descompasso com meu sangue correndo desesperado, você bateria assim toc toc toc sem muita pressa e eu fingiria, sim, fingiria, que demorava em atender quando minha alma já teria passado a madeira maciça pra enfiar a cara naquele ângulo formado entre o seu pescoço e o seu ombro pra me certificar que era você mesmo, cheiro ali inconfundível, poesia pra minha pele, e minha alma confirmaria, eu esconderia a xícara com café esfriado, cuidaria do resfriado camuflando o nariz escorrendo com a parte de trás da manga da camisa longa que usava, e não me importaria com minha cara de dias, dias, noites em desalinho, mas você não vem, e disse que não viria, mas eu tenho esperança verde forte no amor essa coisa que dizem desatualizada mas que me mantem corada apesar de não ter fome de não comer há dias e de só fumar e fumar e fumar dentro desse apartamento que parece um ventre prestes a parir me cuspindo pra rua, diz assim: vai pra rua!, mas eu envergo o tronco sobre os joelhos e choro porque você não vem, disse que não viria, e sinto palpitar o meu peito colado na minhas coxas e aí penso como tenho ainda força e como o corpo se mantém assim aceso pedindo a sua vinda pedindo a sua mão pedindo rogando que você girasse sobre os próprios calcanhares, desse meia volta, e batesse na porta com um discurso sem sentido que faria todo o sentido porque você sussurraria algo do tipo ainda dá, e seu corpo falaria com o meu e nada mais seria necessário

toc toc toc!, batem na porta e não tenho dúvida que o ritmo descompassado com a velocidade louca de dentro de mim denuncia que você voltou

Carmezim escreve às quartas-feiras

 

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