Acontece com certa frequência e dá para notar imediatamente — se você estiver prestando atenção. Já chegam com o ombro em fuga, que é aquele estado de ter o corpo um pouco curvado para lembrar do tempo em que não se tinha nada a ver com isso. Com nada disso. A curva é acompanhada por um ritmo mais apressado que o habitual, às vezes uma correria, seguramente às vezes uma correria, e o último indício, são apenas três, é a mão cobrindo a boca, ou o nariz, ou os dois — mas não totalmente.

Esses sintomas podem ser notados sem a necessidade de se olhar diretamente para a pessoa, seria ofensivo, mas se por acaso sua má educação permitir, será então possível ver o sinal inequívoco. Os olhos já estão vermelhos, porque não houve meios de esperar chegar até ali, apesar da pressa.

São mulheres. São mulheres chorando no banheiro.

Homens, que tristeza, vocês nunca presenciarão isso (a tristeza é porque há um trisco de beleza). Mas agora saibam que nesse exato minuto tem uma pobrezinha se debulhando no banheiro com a porta fechada, o que complica toda a coisa, sabe, porque é um lugar bastante deprimente.

As causas são restritas, mas esmagadoras. Alguém gritou e ela está de TPM. Um amor se foi e tem horas impossíveis de sobreviver. Não deu para fazer tudo perfeito no tempo exato, não deu, não deu. São apenas três.

A cena é mais comum no ambiente de trabalho, mas também pode ser notada em casas numerosas, quando tudo que se deseja do mundo é um lugar para estar só, chorando sem soluçar para não fazer barulho e não fazer pergunta.

Passa rápido, quase sempre. Mas se você estiver fazendo muito isso ultimamente, é melhor procurar uma terapia, amiga.

Tatiana Mendonça escreve às sextas e nunca, nunca mesmo, fez parte dessa estatística